CLARA DE ASSIS

CLARA DE ASSIS
Devemos viver e promover a sensibilidade ecumênica promovendo a fraternidade com os irmãos que pensam ou vivem a fé cristã de um modo diferente. Mas isso não significa abrir mão de nossa catolicidade. Quando celebramos a Eucaristia seguimos à risca o mandato do Mestre que disse: “Fazei isso em memória de mim!” A falta da Eucaristia deixa uma grande lacuna em algumas Igrejas. Um pastor evangélico, certa vez, me disse que gostaria de rezar a ave-maria, mas por ser evangélico não conseguia. Perguntei por quê? Ele disse que se sentia incomodado toda vez que lia o Magnificat em que Maria proclama: “Todas as gerações me chamarão de bendita” (Lc 1,48)… e se questionava o por quê sua geração tão evangélica não faz parte desta geração que proclama bem-aventurada a Mãe do Salvador! Realmente, ser católico é ser totalmente cristão!

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Católico ou Evangélico?

Vou deixar de ser 'evangélico', pra não me tornar católico disfarçado.

 

A família do meu pai era toda católica; a da minha mãe, batista. Minha mãe se viu sufocada pelo catolicismo de meu pai até os idos de 60, quando ela se converteu no movimento da Renovação Espiritual. Nasci entre dois berços, o católico e o batista. Em minha adolescência me tornei batista, algo esperado uma vez que o catolicismo não era tão influente na vida de meu pai (que também se tornou batista nos anos 90). Não fui batizado, nem crismado, nem estudei o catecismo católico.
oje, me deleito lendo a teologia católica, alguns pais, outros medievais, uns modernos, outros progressistas. Não me prendo nas eras mais gosto deles. Ler os católicos me abriu os olhos para perceber algumas coisas em nossa igreja ‘protestante’. Eles nos chamam de ‘irmãos desviados’ e creiam, podem nos ensinar um pouco com sua história. A história também nos ensina muitas coisas, inclusive como eles estão se convertendo e nós nos desviando.
Você reparou como tem sido a pregação em muitas paróquias católicas, ou mesmo, o que pregam os padres na televisão? Fascinante! Atentou o que tem sido pregado nas catedrais evangélicas, ou nos canais de TV de nossos manos?
Apensar de gostar da teologia deles, eu não quero me tornar católico. Já passei da idade. Não o fiz naquela época, agora não me interessa mais. Mas também não quero continuar sendo ‘evangélico’... não este ‘evangélico’ que está por aí. Não posso dizer que sou esse tipo de ‘evangélico’ pois vai de encontro à consciência teológica que formaram em mim dizendo: isso é ser evangélico e aquilo é ser católico.
Cresci dividido entre a teologia evangélica e a teologia católica. Me ensinaram que nós estávamos certos e eles errados. Agora, tudo ou quase tudo que eles pregavam e nós refutávamos, de repente, eles silenciam e alguns fazem ecoar em nossos púlpitos.
Me lembro que minha avó, senhora muito devota, tinha em sua casa os quadros e as imagens dos santos de sua devoção. Duas imagens se destacavam: Nossa Senhora da Penha e São Sebastião. Talvez por isso tinha tanto Sebastião e Sebastiana em nossa família. Lá estavam o terço, o rosário, a vela e o oratório. Ela sabia todas as rezas de cor e salteado, era católica praticante.
Em nossa casa não tínhamos nenhuma imagem, nemhum santinho. Não éramos católicos. Naquela época quem era evangélico não precisava e nem podia ter estas coisas em casa. Mas hoje para ser um crente fervoroso, piedoso, devoto mesmo, é preciso ter: água benzida pelo missionário ou apóstolo tal, cajado do impossível, toalhinha consagrada, martelinho, tijolinho, espada, ramo de arruda, sal grosso, sabonete da purificação, óleo ungido de Israel, água do Rio Jordão, rosa do descarrego, chave das promessas, chave de Davi...
Ah! Que saudades da casa de minha avó! Pelo menos lá ela nos contava as proezas e os ensinos de seus santos de devoção. Se a gente não recebesse graça nenhuma, pelo menos ficava o aprendizado ou o deleite de uma boa história. Tudo de graça, não gastávamos um centavo sequer. Ora, minha avó (que Deus a tenha) era tida pelos evangélicos como cega, idólatra e perdida. E estes ‘evangélicos’, quem lhes apontará o dedo em juízo e os chamará de cegos, idólatra, perdidos? Os católicos? Ah, quem dera alguém nos trouxesse de novo a luz, ao menos de uma vela. Até que isso aconteça, vou deixar de ser ‘evangélico’, porque não quero me tornar católico romano disfarçado.
Pedro Rocha
Diretor do SETEBAN-RO

Nenhum comentário:

Postar um comentário