Por feliz iniciativa do Venerável Paulo VI, foi instituído neste 4º Domingo da Páscoa – Domingo do Bom Pastor – o Dia Mundial de Oração pelas Vocações. Toda a Vocação é um dom do Espírito Santo, que não podemos alcançar pelos nossos humildes esforços, mas pela oração perseverante. Unamos, pois, a nossa oração à do santo Padre, implorando muitos e santos operários para a Messe do Senhor. Jesus Cristo, único Bom Pastor Com palavras eloquentes e desassombradas, S. Pedro, revestido da força do espírito santo, anuncia aos Hebreus reunidos junto do Cenáculo, na manhã do Pentecostes, Jesus Cristo como o Messias prometido, o único Salvador do mundo. Jesus Cristo, único Salvador. Pela Sua Paixão, Morte e Ressurreição, restitui-nos a vida da Graça – a participação na vida da Santíssima Trindade, guia-nos com a Sua Palavra nos caminhos da Salvação, alimenta-nos com os Sacramentos e fala intimamente connosco na oração. Desejando continuar no mundo a Sua acção salvadora, escolheu homens a quem, desde os Apóstolos até à consumação dos séculos, administra o sacramento da Ordem, pedindo-lhes a sua visibilidade – a sua voz, mãos, olhar, coração – para continuar a acção salvadora. Deste modo, Jesus Cristo continua a ser o único Bom Pastora da Igreja, multiplicando a Sua Presença e acção por meio dos sacerdotes. Um problema urgente. De novo ressoam dentro de nós as palavras do Divino Mestre: «A messe, de facto, é vasta, mas os operários são poucos. Rogai – pedi com insistência – ao Senhor da messe que envie operários para a Sua messe». (Mt 9, 38). A messe, como sabemos, é o mundo dos homens. Reclama generosidade da nossa parte para os cuidados dela. Significativamente, o Senhor não fala de terreno de cultivo, mas de campos de trigo loiro ondulando ao vento. O terreno pode esperar algum adiamento; e cultivar-se à vez. A messe exige trabalho urgente, para que o grão de trigo não se perca, porque está ameaçado por dois riscos principais: cair ao chão, quando se adia a colheita; e ser comido pelas aves do céu. O Senhor fala-nos em dar a este problema uma resposta urgente, para o déficit de operários seja rapidamente superado. Aponta como resposta a oração de petição perseverante (rogate), para que o Senhor da messe envie operários: os chame e lhes dê a graça da generosidade na resposta. Mas, na espiritualidade cristã, a oração é inseparável da acção, isto é, de fazermos humanamente tudo o que está ao nosso alcance para lhe dar uma solução. O contrário seria tentar a Deus. Olhando à nossa volta, deparamos com uma descristianização – paganização – galopante. As pessoas andam como ovelhas sem pastor. Há uma tal agitação de ideias erradas, que as pessoas não sabem para onde se hão-de voltar. Além disso, a ignorância religiosa é clamorosa, na maior parte dos casos. A agravar esta situação, está o problema de que, quanto menos cuidado está o rebanho, menos as pessoas se queixam. A fome leva à apatia do rebanho. Deus nunca falta! A nossa oração e acção não faria sentido sem a certeza – confiança plena – que nos dá a fé de que Jesus Cristo nunca abandonará a Sua Igreja: «Eis que estarei convosco todos os dias até ao fim do mundo.» (Mt 28, 20). E acrescenta: «ciente da actividade constante do Espírito Santo na Igreja, intimamente crê que nunca faltarão completamente à Igreja os ministros sagrados [...].» (JOÃO PAULO II, Ex. Apost. Pastores dabo vobis, n.º 1). Portanto, «a primeira resposta que a Igreja dá consiste num acto de confiança total no Espírito Santo. Estamos profundamente convictos de que este abandono confiante não nos há-de decepcionar, se entretanto permanecermos fiéis à graça recebida.» (P. D. V. n.º 1). Mas não basta confiar e cruzar os braços. «Por este motivo, a confiança total na incondicionada fidelidade de Deus à Sua promessa está ligada na Igreja à grave responsabilidade de colaborar com a acção de Deus que chama, de contribuir para criar e manter condições as condições nas quais a boa semente, semeada pelo Senhor, possa criar raízes e dar frutos abundantes.»(P. D. V. n.º 1). A Igreja nunca pode deixar de pedir ao Senhor da messe que mande operários para a Sua messe (cf. Mt 9, 38), de dirigir uma clara e corajosa proposta vocacional às novas gerações, de as ajudar a discernir a verdade do chamamento de Deus e corresponder-Lhe com generosidade, e de reservar cuidado particular à formação dos candidatos ao presbiterado.» (P. D. V. n.º 2). Os Pastores do rebanho Jesus Cristo é a porta do rebanho de deus. Ninguém pode ter acesso a ele sem entrar por esta «porta», ou seja, sem receber dele o Sacramento da Ordem e a missão apostólica. O sacerdote é insubstituível. A primeira tentação, diante deste panorama desolador, é a de se sentir incapaz de lhe dar uma resposta, de fechar os olhos e esperar que resolva o problema quem vier atrás; ou então esperar um acontecimento miraculoso que resolva este problema, sem imaginarmos como nem quando. Os leigos precisam de assumir o seu papel na Igreja, de participantes da tríplice missão de Cristo: sacerdotal, profética e real. Mas isto não resolverá o problema. Pensar deste modo pode ser uma forma de alienação. A nossa razão e a experiência pastoral diz-nos que quanto mais os leigos trabalham, mais deve trabalhar o sacerdote. Quando querem levar os amigos a reconciliar-se com Deus, quem os há-de acolher e perdoar-lhes os pecados? Quem há-de celebrar a Santíssima Eucaristia? «Sem sacerdotes, de facto, a Igreja não poderia viver aquela fundamental obediência que está no próprio coração da sua consciência e da sua missão na história – a obediência à ordem de Jesus: «Ide, pois, ensinai todas as nações» (Mt 28, 19) e «Fazei isto em Minha memória» (Lc 22, 19; cf 1 Cor 11, 24), ou seja, a ordem de anunciar o Evangelho e de renovar todos os dias o sacrifício do Seu Corpo entregue e do Seu Sangue derramado pela vida do mundo.» (P. D. V. n.º 1). O Senhor quis constituir de tal modo a Sua Igreja que nós somos «insubstituíveis». A nossa eficácia, porém, não depende só da quantidade, mas também da qualidade: muitos e santos sacerdotes.
Fonte: Revista Celebração Litúrgica |
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